
A diversidade musical do Carnaval da Bahia foi o tema do segundo debate promovido pelo grupo A TARDE nesta terça-feira, 26. Na mesa, Wadinho do Bloco Alvorada, Xanddy do Harmonia do Samba, Bruno Mello, produtor do Aviões do Forró e Hamilton Oliveira, conhecido como o DJ Branco. Márcio Mello e Agnaldo do Afoxé Filhos de Gandhy confirmaram presença, mas não apareceram no evento.
"O hip hop não está no carnaval", disse o DJ Branco logo na abertura do encontro. De acordo com ele, o rap é censurado nas avenidas porque "fala da realidade, da segregação que acontece no próprio carnaval com as cordas que separam os foliões".
Em seguida, Xanddy disse da dificuldade de colocar um bloco de médio porte na rua. Para o cantor, poucas empresas estão dispostas a patrocinar estas agremiações e os altos custos operacionais dificultam os desfiles.
"Tem muita gente aqui que sabe mais de Candeia e Cartola, que de Batatinha", analisou o presidente do Bloco Alvorada do Samba. O sambista ainda disse que o estilo ganhou espaço nos últimos anos, mas só viverá seu grande momento quando os baianos reconhecerem seus próprios artistas. Este ano, nove blocos de samba desfilarão no Circuito Osmar.
Já no pagode, a preocupação é outra. Consolidado no gosto popular, a apelação ao erótico também entrou no debate. "A gente vive o momento mais polêmico do pagode da Bahia", respondeu Xanddy quando perguntado sobre a qualidade e os temas recentes do pagode. O cantor ainda falou que é o público é quem selecionar o que ouvir. Em casa, Xanddy disse que é ele quem filtra o que os filhos escutam.
A predominância do axé também foi discutida no encontro. Para o produtor da banda de Aviões do Forro, o estilo é confundido com a identidade do carnaval baiano. Wadinho recorreu à história para contestar essa imagem e disse que os blocos de carnaval surgiram cantando samba, fosse nos blocos afros ou indígenas, como o Apaxes do Tororó.
A importância de capitalizar outros estilos musicais além do axé, pagode e forró também foi tratada no debate. Para o DJ Branco, é importante diferenciar o hip hop movimento social, do hip hop como expressão musical.
O debate ainda avançou por outros temas. Perguntado sobre a exploração dos cordeiros, Xanddy disse que acompanha, mas não é responsável pela contratação desses trabalhadores. Bruno Mello, que também é produtor do Bloco Papa, se esquivou da pergunta sobre a alimentação dos cordeiros e disse que a Vigilância Sanitária proíbe outras refeições que não o pacote de biscoitos. Junto com Wadinho, Mello acusou os cordeiros de não se interessarem pela própria segurança no uso de protetores solar e uniforme adequado à função.
A série de encontros para discutir os principais aspectos da folia continua na quarta, 27, com debates sobre o tema "Serviços Públicos no Carnaval" e na quinta, 28, sobre os "60 anos do Trio Elétrico e da Guitarra Baiana".
Fonte:: ATarde
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